segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Alguma coisa acontece em meu coração...

No dia do aniversário de 456 anos de São Paulo, nós do Idéia na Web, não podemos
deixar de homenagear essa grande cidade, a nossa Nova Iorque.
São Paulo é a maior cidade do Brasil, a maior do hemisfério Sul e a sexta maior do mundo, como região metropolitana e também em população, com seus quase 20 milhões de habitantes.

Brasão da cidade de São Paulo:
"Non ducor duco" (Não sou conduzido, conduzo)



São Paulo já foi homenageada em poesias e na música em várias ocasiões.

Nessa ocasião, não queremos falar do trânsito, nem da violência, nem de seu crescimento desenfreado. Pedimos licença, e abrimos epaço para a poesia de José Domingues, para retratar São Paulo melhor que ninguém.



São Paulo, fim do dia




Portas que se fecham
Luzes que se acendem
Mãos que se despedem
Olhares que prometem
Coisas que acontecem
Porque têm que acontecer


Gente buscando casa
Gente buscando gente
Gente buscando nada
Vejo cinco continentes
Pisando a mesma calçada
O aglomerado constante
Dessa massa que se agita
Faz ainda mais bonita minha cidade gigante


São Paulo dos doutores
São Paulo dos marginais
São Paulo dos feirantes
dos intelectuais
São Paulo das mariposas
São Paulo do operário
do camelô
do vagabundo
do society
da favela
Misturas que fazem dela
A maior terra do mundo


São Paulo fim do dia
e a rotina continua
Gente empurrando gente
a cada palmo de rua
Aqui uma cotovelada
Mais adiante é um empurrão
Uma mulher desesperada gritando:
"Pega ladrão!"
É o farol que não abre
É a sinfonia das buzinas
É o jornaleiro que grita:

Num coral da sinfonia
"Olha a manchete do dia
Sequestraram uma menina!"
Mais adiante uma fechada
Alguém entrou na contra-mão
E sempre que isso acontece

pode esperar que não passa
A gente assiste de graça
o festival do palavrão
Mas essa é a hora feliz
Do regresso para o lar
Cada um mais apressado
No desejo de chegar à mansão
ao apartamento, à casinha na viela
ao barraco de zinco
pendurado na favela
O pensamento é um só:
"Chegar, chegar"


Os contrastes são berrantes
na multidão dos sozinhos
Quem não viu nao acredita
Chega até ser bonita
a demanda dos caminhos
Enquanto um vai do subúrbio
Da central, da Cantareira
e faz a viajem inteira
mal podendo respirar,
O outro, carro importado
A bela gata do lado
O ar condicionado
Som, champagne, caviar


Gente que vai de Gálata,
de Dart, Opala, Corsel,
de Fusca, pé-de-cabra,
lambreta, bicicleta
Cada um vai do jeito que pode
Gente que vai de táxi,
ônibus, lotação
Gente que vai à pé
batendo sola no chão
Não que se tenha vontade
Coisas da necessidade
De quem ficou sem nenhum
Nem mesmo pra condução


Mas nada disso importa
O importante é chegar
Quando se tem na chegada
um motivo pra sorrir
Triste é andar por andar
Ver tanta gente passar
E ter que continuar
Sem saber pra onde ir.


Se você não sabe para onde ir, vá conhecer São Paulo, a cidade inesgotável.

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